A Doutrina da Eleição

 

 

“Que nos salvou, e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras,

mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos; e que é manifesta agora pela aparição de nosso Salvador Jesus Cristo, o qual aboliu a morte, e trouxe à luz a vida e a incorrupção pelo Evangelho.”

– 2 Timóteo 1:9-10 –

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Algumas Citações deste Sermão

Ele não tinha nenhuma estima às nossas pessoas, nem à nossa dignidade, nem a quaisquer méritos que poderiam haver em nós. Antes de nascermos, estávamos inscritos em Seu registro; Ele já havia nos adotado por Seus filhos. Portanto, vamos atribuir tudo à Sua misericórdia, sabendo que não podemos nos orgulhar de nós mesmos, a não ser que roubemos a honra que pertence a Ele.

Portanto, nós não diferimos nem um pouco uns dos outros; mas agrada a Deus escolher aqueles a quem Ele próprio deseja. E por isso, São Paulo usa estas palavras em outro lugar, quando ele diz: os homens não têm de que se alegrar, pois nenhum homem se acha numa condição melhor do que os seus companheiros, a não ser porque Deus os diferencia [1 Coríntios 4:7]. Então, se nós confessamos que Deus nos escolheu antes dos tempos eternos, segue-se necessariamente que Deus nos preparou para receber a Sua graça; que Ele derramou sobre nós esta bondade, que ela não estava em nós antes; que Ele não somente nos escolheu para sermos herdeiros do reino dos céus, mas Ele também nos justifica e nos governa pelo Seu Espírito Santo. O cristão deve ser tão bem resolvido nesta doutrina, que ela esteja acima de qualquer dúvida para ele.

“[...] devemos atribuir a causa da nossa salvação à Sua bondade gratuita; devemos confessar que Ele não nos toma para sermos Seus filhos por quaisquer de nossos méritos; pois não tínhamos nada para nos recomendar ao Seu favor. Por isso, devemos colocar a causa e a fonte da nossa salvação em Deus somente. Este deve ser nosso único fundamento, caso contrário, tudo o que construímos e da forma como construirmos, acabar-se-á em nada.

“[...] era necessário que fôssemos enxertados, por assim dizer, em Jesus Cristo; para que Deus pudesse nos reconhecer, e nos aceitar como Seus filhos. De outra forma, Deus não poderia nos olhar, apenas nos odiar; porque não há nada mais do que miséria em nós; estamos cheios de pecado, e como que mergulhados em todos os tipos de iniquidades.

Vamos aprender a vir diretamente a Jesus Cristo, caso possamos duvidar da eleição de Deus, pois Ele é o espelho verdadeiro, no qual devemos contemplar nossa adoção.

“[...] quando sabemos que toda a graça repousa em Jesus Cristo, então podemos estar certos de que Deus nos ama, apesar de sermos indignos.

Olhemos para o que está estabelecido no Evangelho. Ali Deus nos mostra que Ele é nosso Pai; e que Ele vai nos levar para a herança da vida, depois de ter-nos selado com o selo do Espírito Santo em nossos corações, que é um testemunho incontestável de nossa salvação, se nós a recebermos pela fé.

O Evangelho é pregado a um grande número de pessoas, as quais, não obstante, são repro-vadas; sim, e Deus desnuda e mostra que Ele lhes amaldiçoou, que eles não têm parte nem

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porção em Seu reino, pois eles resistem ao Evangelho, e rejeitaram a graça que lhes é oferecida. Mas quando recebemos a doutrina de Deus, com obediência e fé, e descansamos em Suas promessas, e aceitamos a oferta que Ele nos faz de nos tornar Seus filhos, isso, eu digo, é uma certeza de nossa eleição.”

Há um grande número nestes dias que dirão: quem são aqueles a quem Deus escolheu, senão apenas os fiéis? Eu admito isto; mas eles fazem um mau uso disso; e dizem que a fé é a causa, sim, e a primeira causa de nossa salvação. Se eles chamam de uma causa mediadora, seria de fato verdadeiro; porque a Escritura diz: Pela graça sois salvos, mediante a fé(Efésios 2:8). Mas devemos ir mais para cima; pois se eles atribuem a fé ao livre-arbítrio do homem, eles blasfemam contra Deus perversamente e cometem sacrilégio. Devemos vir ao que mostra Escritura; a saber, quando Deus nos dá a fé, devemos saber que não somos capazes de receber o Evangelho, senão apenas quando Ele nos tem moldado pelo Espírito Santo.

Por que a fé é dada para um e não para outro? São Lucas nos mostra, dizendo: E creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna(Atos 13: 48). Havia um grande número de ouvintes, e ainda assim apenas alguns deles receberam a promessa de salvação. E quem eram esses poucos? Aqueles que foram nomeados para a salvação. Mais uma vez, São Paulo fala tão amplamente sobre este assunto, em sua epístola aos Efésios, que os inimigos da predestinação de Deus não podem ser senão estúpidos e ignorantes, e que o diabo lhes tenha arrancado os olhos; e que eles tornaram-se destituídos de toda a razão, se eles não podem ver uma coisa tão simples e evidente.

Precisamos magnificar a graça de Deus, e saber que não podemos trazer nada para nos recomendar ao Seu favor; devemos nos tornar como nada aos nossos próprios olhos, para que nós não possamos reivindicar qualquer louvor; mas saibamos que Deus nos chamou para o Evangelho, tendo nos escolhido antes que o mundo viesse a existir. Esta eleição de Deus é, por assim dizer, uma carta selada; porque ela é consistente em si, e em sua própria natureza, mas podemos lê-la, pois Deus deu um testemunho: quando Ele nos chamou para Si mesmo por meio do Evangelho e pela fé.

Deus não nos deixaria em dúvida, nem Ele esconde Seu conselho, a ponto de nós não podermos saber como a nossa salvação foi assegurada; antes nos chamou a Ele por Seu Evangelho, e selou o testemunho de Sua bondade e amor paterno em nossos corações. Então, tendo tal certeza, vamos glorificar a Deus, pois que Ele nos tem chamado por Sua livre misericórdia. Vamos descansar em nosso Senhor Jesus Cristo, sabendo que Ele não nos tem enganado, quando Ele fez com que fosse pregado que Ele deu a Si mesmo por nós, e testemunhado isto pelo Espírito Santo. Pois a fé é um sinal indubitável de que Deus nos toma por Seus filhos; e, assim, somos levados à eleição eterna, segundo Ele de antemão nos escolheu.

“[...] os homens não podem por tais argumentos infantis estragar a doutrina do Evangelho, porque é dito claramente, que Deus nos salvou.

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Ora, conhecemos essas coisas, porque são claramente trazidas à luz em Jesus Cristo. Por que se diz que todos os que nEle creem gozam o privilégio de serem filhos de Deus. Portanto, não devemos desviar destas coisas nem um jota, se quisermos nos certificar de nossa eleição. São Paulo já nos mostrou, que Deus nunca nos amou, nem nos escolheu, senão apenas na pessoa de Seu Filho amado. Quando Jesus Cristo apareceu Ele revelou-nos a vida, caso contrário, nunca poderíamos ter sido participantes da mesma. Ele nos fez conhecer o conselho eterno de Deus. Mas é presunção que os homens tentem saber mais do que Deus quer que eles saibam.

Se andarmos com sobriedade e reverentemente em obediência a Deus, dando ouvidos e rece-bendo o que Ele diz na Sagrada Escritura, o caminho será aplainado diante de nós. São Paulo diz que quando o Filho de Deus apareceu no mundo, Ele abriu os nossos olhos, para que pudés-semos saber que Ele foi gracioso para conosco, antes da fundação do mundo. Fomos recebidos como Seus filhos, e contados como justos; de modo que não precisamos duvidar de que o reino dos céus está preparado para nós. Não que nós o tenhamos ganhado pelos nossos próprios méritos, mas porque ele pertence a Jesus Cristo, que nos torna participantes com Ele mesmo.

Se o Evangelho for rejeitado, de que vantagem seria para nós que o Filho de Deus sofreu a morte e ressuscitou ao terceiro dia para nossa justificação? Tudo isso seria inútil para nós. Portanto, o Evangelho nos põe na posse dos benefícios que Jesus Cristo comprou para nós. E, por isso, ainda que esteja ausente de nós no corpo, e não esteja familiarizado conosco aqui na terra, isto não significa que Ele se retirou, como se não fosse possível encontrá-lO, pois o sol que brilha não mais ilumina o mundo do que Jesus Cristo revela-se abertamente para aqueles que têm os olhos da fé para olhar para Ele, quando o Evangelho é pregado. Por isso São Paulo fala daqueles a quem Jesus Cristo trouxe à luz da vida, sim, à vida eterna.

Se somos tão delicados que não podemos suportar as aflições do Evangelho, não somos dignos de sermos riscados do livro de Deus, e rejeitados? Portanto, devemos ser constantes na fé, e prontos para sofrer pelo nome de Jesus Cristo, tudo o que a Deus aprouver; porque a vida é colocada diante de nós, e nós temos um conhecimento mais familiar do que do que os antigos pais tiveram.

Nós sabemos como os antigos pais eram atormentados por tiranos e inimigos da verdade, e como eles sofriam constantemente. A condição da Igreja não é mais grave nestes dias, do que era então. Pois agora tem Jesus Cristo trazido a vida e a imortalidade à luz, através do Evangelho. Todas as vezes que a graça de Deus é pregada para nós, é tanto como se o reino dos céus se abrisse para nós; como se Deus estendesse a mão, e nos assegurasse de que a vida está próxima; e que Ele nos fará participantes de Sua herança celestial. Mas quando olhamos para esta vida, que foi comprada por nosso Senhor Jesus Cristo, não devemos hesitar em abandonar tudo o que temos neste mundo, para alcançarmos o tesouro de cima, que está nos céus.

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A Doutrina da Eleição

 

 

João Calvino

“Que nos salvou, e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos; e que é manifesta agora pela aparição de nosso Salvador Jesus Cristo, o qual aboliu a morte, e trouxe à luz a vida e a incorrupção pelo Evangelho” (2 Timóteo 1:9-10).

Nós mostramos nesta manhã, de acordo com o texto de São Paulo, que se nós quisermos conhecer a livre misericórdia de nosso Deus em nos salvar, devemos nos achegar a Seu conselho eterno pelo qual Ele nos escolheu antes da fundação do mundo. Pois aqui pode-mos ver que Ele não tinha nenhuma estima às nossas pessoas, nem à nossa dignidade, nem a quaisquer méritos que poderiam haver em nós. Antes de nascermos, estávamos inscritos em Seu registro; Ele já havia nos adotado por Seus filhos. Portanto, vamos atribuir tudo à Sua misericórdia, sabendo que não podemos nos orgulhar de nós mesmos, a não ser que roubemos a honra que pertence a Ele.

Os homens têm se esforçado para inventar sofismas, para escurecer a graça de Deus. Pois eles têm dito: embora Deus escolheu homens antes da fundação do mundo, no entanto, foi de acordo com a Sua previsão de que um seria diferente do outro. A Escritura demonstra claramente que Deus não esperou para ver se os homens eram dignos ou não, quando Ele os escolheu, mas os sofistas achavam que poderiam denegrir a graça de Deus, dizendo: embora Ele não considerava os méritos do passado, Ele olhava para aqueles que estavam por vir. Pois, dizem que, apesar de Jacó e seu irmão Esaú não tivessem feito nem bem nem mal, e Deus escolheu um e reprovou a outro, isso se deu porque Deus previu, (como todas as coisas estão presentes com Ele) que Esaú seria um homem ímpio, e que Jacó seria como ele mais tarde se mostrou.

Mas estas são especulações tolas, pois claramente fazem de São Paulo um mentiroso, pois este diz: Deus não retribuiu nenhuma recompensa às nossas obras quando Ele nos escolheu, porque Ele fez isso antes que o mundo viesse a existir. Mas, se porventura, a autoridade de São Paulo houvesse sido abolida, a questão ainda seria muito simples e clara, não somente na Sagrada Escritura, mas na razão; de modo que aqueles que gostariam de escapar desta ordem, mostram-se homens vazio de todas as habilidades. Porque, se nós investigarmos a fundo, que bem podemos encontrar? Não são todos os homens amaldiçoados? O que trazemos do ventre da nossa mãe, exceto pecado?

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Portanto, nós não diferimos nem um pouco uns dos outros; mas agrada a Deus escolher aqueles a quem Ele próprio deseja. E por isso, São Paulo usa estas palavras em outro lugar, quando ele diz: os homens não têm de que se alegrar, pois nenhum homem se acha numa condição melhor do que os seus companheiros, a não ser porque Deus os diferencia [1 Coríntios 4:7]. Então, se nós confessamos que Deus nos escolheu antes dos tempos eternos, segue-se necessariamente que Deus nos preparou para receber a Sua graça; que Ele derramou sobre nós esta bondade, que ela não estava em nós antes; que Ele não somente nos escolheu para sermos herdeiros do reino dos céus, mas Ele também nos justifica e nos governa pelo Seu Espírito Santo. O cristão deve ser tão bem resolvido nesta doutrina, que ela esteja acima de qualquer dúvida para ele.

Há alguns homens neste dia, que ficariam felizes se a verdade de Deus fosse destruída. Tais homens lutam contra o Espírito Santo, como animais furiosos, e esforçam-se para abolir a Sagrada Escritura. Há mais honestidade nos papistas, do que nestes homens: pois a doutrina dos papistas é muito melhor, mais santa e mais agradável para com a Sagrada Escritura, que a doutrina desses homens vis e malvados, que desprezam a santa eleição de Deus; estes cães que latem diante disso, e porcos que a arrancam pela raiz.

No entanto, retenhamos o que nos é aqui ensinado: Deus nos escolheu antes que o mun-do iniciasse seu curso, devemos atribuir a causa da nossa salvação à Sua bondade gratuita; devemos confessar que Ele não nos toma para sermos Seus filhos por quaisquer de nossos méritos; pois não tínhamos nada para nos recomendar ao Seu favor. Por isso, devemos colocar a causa e a fonte da nossa salvação em Deus somente. Este deve ser nosso único fundamento, caso contrário, tudo o que construímos e da forma como construirmos, acabar-se-á em nada.

Devemos observar o que São Paulo aqui une; a saber, a graça de Jesus Cristo, com o conselho eterno de Deus, o Pai, e, em seguida, ele nos traz a nossa vocação, para que possamos ter a certeza da bondade de Deus, e da Sua vontade, que teria permanecido escondida de nós, a menos que tivéssemos uma testemunha disso. São Paulo diz, em primeiro lugar, que a graça que estava sobre o propósito de Deus, e é compreendido nEle, é dada a nós em nosso Senhor Jesus Cristo. Como se dissesse: vendo que mere-cem ser lançados fora, e odiados como inimigos mortais de Deus, era necessário que fôssemos enxertados, por assim dizer, em Jesus Cristo; para que Deus pudesse nos reconhecer, e nos aceitar como Seus filhos. De outra forma, Deus não poderia olhar para nós, apenas nos odiar; porque não há nada mais do que miséria em nós; estamos cheios de pecado, e como que mergulhados em todos os tipos de iniquidades.

Deus, que é a própria justiça, não pode ter acordo conosco, enquanto considerar a nossa

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natureza pecaminosa. Portanto, como Ele nos adotou antes que o mundo existisse, era necessário que Jesus Cristo ficasse entre nós e Ele; que nós fossemos escolhidos em Sua pessoa, pois Ele é o mui Amado Filho: quando Deus nos uniu a Ele, Ele nos fez agradáveis a Si Mesmo. Vamos aprender a vir diretamente a Jesus Cristo, caso pos-samos duvidar da eleição de Deus, pois Ele é o espelho verdadeiro, no qual devemos contemplar nossa adoção.

Se Jesus Cristo for tirado de nós, então Deus é juiz dos pecadores, de modo que não podemos esperar por qualquer bondade ou favor em Suas mãos, mas somente por vingança, por estarmos sem o Testemunho de Cristo. Sua majestade será sempre terrível e temível para nós. Se ouvirmos menção de Seu propósito eterno, não podemos deixar de temer, como se Ele já estivesse armado para nos mergulhar na miséria. Mas quando sabemos que toda a graça repousa em Jesus Cristo, então podemos estar certos de que Deus nos ama, apesar de sermos indignos.

Em segundo lugar, é preciso observar que São Paulo não fala simplesmente de eleição de Deus, por que esta não nos tiraria a dúvida; mas antes, permaneceríamos na perplexi-dade e angústia, porém ele acrescenta, a vocação; pela qual Deus abriu Seu conselho, que antes era desconhecido para nós, e que não podíamos compreender. Como saberia-mos então que Deus nos elegeu, para que possamos nos alegrar nEle, e nos gloriarmos na Bondade que Ele nos concedeu? Os que falam contra a eleição de Deus, partindo do Evangelho sozinho [e negligenciam os meios]; deixam tudo o que Deus espraia diante de nós, para nos conduzir a Ele; todos os meios que Ele tem determinado para nós, e sabe serem adequados para nosso uso. Não podemos continuar assim; mas de acordo com a regra de São Paulo, devemos juntar a vocação com a eleição eterna de Deus.

Está dito que somos chamados; e, portanto, temos esta segunda palavra, vocação. Por-tanto Deus nos chama; mas como? Certamente, quando agrada a Ele e para nos certificar de nossa eleição; a qual nós não poderíamos por nenhum outro meio discernir, pois quem pode entrar no conselho de Deus? Como diz o profeta Isaías; e também o apóstolo Paulo. Mas quando se agrada a Deus revelar-se a nós familiarmente, então vamos receber aquilo que ultrapassa o conhecimento de todos os homens, porque temos uma boa e fiel testemunha, que é o Espírito Santo; que nos faz ascender acima do mundo, e nos revela os maravilhosos segredos de Deus.

Não devemos falar precipitadamente da Eleição de Deus, e dizer, que somos predes-tinados; mas se vamos estar seguros da nossa salvação, não devemos falar levianamente dela; se Deus nos tomou por Seus filhos ou não. Que faremos então? Olhemos para o que está estabelecido no Evangelho. Ali Deus nos mostra que Ele é nosso Pai; e que Ele

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vai nos levar para a herança da vida, depois de ter-nos selado com o selo do Espírito Santo em nossos corações, que é um testemunho incontestável de nossa salvação, se nós a recebermos pela fé.

O Evangelho é pregado a um grande número de pessoas, as quais, não obstante, são reprovadas; sim, e Deus desnuda e mostra que Ele lhes amaldiçoou, que eles não têm parte nem porção em Seu reino, pois eles resistem ao Evangelho, e rejeitaram a graça que lhes é oferecida. Mas quando recebemos a doutrina de Deus, com obediência e fé, e descansamos em Suas promessas, e aceitamos a oferta que Ele nos faz de nos tornar Seus filhos, isso, eu digo, é uma certeza de nossa eleição. Mas temos aqui a observação, que, quando temos conhecimento da nossa salvação, quando Deus nos tem chamado e iluminado na fé de Seu Evangelho, não é para invalidar a predestinação eterna que foi feita antes.

Há um grande número nestes dias que dirão: quem são aqueles a quem Deus escolheu, senão apenas os fiéis? Eu admito isto; mas eles fazem um mau uso disso; e dizem que a fé é a causa, sim, e a primeira causa de nossa salvação. Se eles chamam de uma causa mediadora, seria de fato verdadeiro; porque a Escritura diz: “Pela graça sois salvos, mediante a fé” (Efésios 2:8). Mas devemos ir mais para cima; pois se eles atribuem a fé ao livre-arbítrio do homem, eles blasfemam contra Deus perversamente e cometem sacrilégio. Devemos vir ao que mostra Escritura; a saber, quando Deus nos dá a fé, devemos saber que não somos capazes de receber o Evangelho, senão apenas quando Ele nos tem moldado pelo Espírito Santo.

Não é o suficiente que nós ouçamos a voz do homem, a menos que Deus trabalhe em nós interiormente e nos fale de uma forma secreta pelo Espírito Santo e assim, consequentemente, vem a fé. Mas o que é a causa disso? Por que a fé é dada para um e não para outro? São Lucas nos mostra, dizendo: “E creram todos quantos estavam orde-nados para a vida eterna” (Atos 13: 48). Havia um grande número de ouvintes, e ainda assim apenas alguns deles receberam a promessa de salvação. E quem eram esses poucos? Aqueles que foram nomeados para a salvação. Mais uma vez, São Paulo fala tão amplamente sobre este assunto, em sua epístola aos Efésios, que os inimigos da predestinação de Deus não podem ser senão estúpidos e ignorantes, e que o diabo lhes tenha arrancado os olhos; e que eles tornaram-se destituídos de toda a razão, se eles não podem ver uma coisa tão simples e evidente.

São Paulo diz: Deus nos chamou, e nos fez participantes dos Seus tesouros e riquezas infinitas, que nos foram dadas através do nosso Senhor Jesus Cristo, assim como Ele nos escolheu antes da fundação do mundo. Quando dizemos que somos chamados à

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salvação porque Deus deu-nos a fé, isto não é porque não existe uma causa superior; e todo aquele que não pode vir à eleição eterna de Deus, tira algo dEle, e diminui Sua honra. Isto é encontrado em quase todas as partes da Sagrada Escritura.

Para que possamos fazer uma breve conclusão sobre este assunto, vejamos de que maneira devemos nos portar. Quando nos perguntam sobre nossa salvação, nós não devemos começar a dizer, somos escolhidos? Não, nós nunca podemos subir tão alto; seremos confundidos mil vezes, e teremos os nossos olhos ofuscados, antes que possamos vir ao conselho de Deus. O que faremos então? Vamos ouvir o que é dito no Evangelho: quando Deus tem sido tão gracioso para fazer-nos alcançar a promessa oferecida, nós conhecemos que é tanto como se Ele tivesse aberto todo o Seu coração para nós, e houvesse registrado nossa eleição em nossas consciências!

Devemos nos certificar que Deus nos tem tomado como Seus filhos, e que o reino dos céus é nosso; porque somos chamados em Jesus Cristo. Como podemos saber isso? Como vamos permanecer sobre a doutrina que Deus pôs diante de nós? Precisamos magnificar a graça de Deus, e saber que não podemos trazer nada para nos recomendar ao Seu favor; devemos nos tornar como nada aos nossos próprios olhos, para que nós não possamos reivindicar qualquer louvor; mas saibamos que Deus nos chamou para o Evangelho, tendo nos escolhido antes que o mundo viesse a existir. Esta eleição de Deus é, por assim dizer, uma carta selada; porque ela é consistente em si, e em sua própria natureza, mas podemos lê-la, pois Deus deu um testemunho: quando Ele nos chamou para Si mesmo por meio do Evangelho e pela fé.

Pois assim como o original ou cópia primeira não tira nada da letra ou escrita que é lida, semelhantemente devemos estar sem dúvidas da nossa salvação. Quando Deus nos certificou pelo Evangelho que Ele nos toma para Seus filhos, este testemunho traz paz com ele; sendo assinado pelo sangue de nosso Senhor Jesus Cristo, e selado pelo Espírito Santo. Quando temos este testemunho, nós não temos o suficiente para conten-tarmos nossas mentes? Portanto, a eleição de Deus está muito longe de ser contra isso, pois confirma o testemunho que temos no Evangelho. Não devemos duvidar, que Deus tem registrado os nossos nomes, antes que o mundo fosse feito, entre Seus filhos escolhidos, porém o conhecimento certo disso Ele reservou para Si mesmo.

Devemos sempre vir para o nosso Senhor Jesus Cristo, quando nós falamos da nossa eleição; pois sem Ele (como já foi mostrado), não podemos nos aproximar de Deus. Quando falamos de Seu decreto, bem podemos ser surpreendidos, como homens dignos de morte. Mas se Jesus Cristo for o nosso guia, podemos com alegria depender dEle; sabendo que Ele há mérito suficiente nEle para fazer de todos os Seus membros, amados

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de Deus Pai; sendo suficiente para nós que somos enxertados em Seu corpo, e feitos um com Ele. Assim, devemos meditar sobre esta doutrina, se quisermos desfrutar dela corretamente, como está previsto por São Paulo; quando diz que, esta graça da salvação nos foi dada antes que o mundo começasse. Precisamos ir além da ordem da natureza, se quisermos saber como seremos salvos, e por que causa, e de onde vem a nossa salvação.

Deus não nos deixaria em dúvida, nem Ele esconde Seu conselho, a ponto de nós não podermos saber como a nossa salvação foi assegurada; antes nos chamou a Ele por Seu Evangelho, e selou o testemunho de Sua bondade e amor paterno em nossos corações. Então, tendo tal certeza, vamos glorificar a Deus, pois que Ele nos tem chamado por Sua livre misericórdia. Vamos descansar em nosso Senhor Jesus Cristo, sabendo que Ele não nos tem enganado, quando Ele fez com que fosse pregado que Ele deu a Si mesmo por nós, e testemunhado isto pelo Espírito Santo. Pois a fé é um sinal indubitável de que Deus nos toma por Seus filhos; e, assim, somos levados à eleição eterna, segundo Ele de antemão nos escolheu.

Ele não diz que Deus nos escolheu porque ouvimos o Evangelho, mas, por outro lado, ele atribui a fé que nos é dada a uma maior causa, a saber, porque Deus tem preordenado que Ele nos salvaria; vendo que estávamos perdidos e extraviados em Adão. Há certos tolos, que, para cegar os olhos dos símplices, tais como o são eles mesmos, dizem que a graça da salvação nos foi dada, porque Deus ordenou que Seu filho deveria redimir a humanidade e, portanto, ela é comum a todos.

Mas São Paulo falou de outra forma; e os homens não podem por tais argumentos infantis estragar a doutrina do Evangelho, porque é dito claramente, que Deus nos salvou. Isto se refere a todos, sem exceção? Não; ele fala somente dos fiéis. Mais uma vez, São Paulo inclui todo o mundo? Alguns foram chamados pela pregação, e ainda assim eles se fizeram indignos da salvação que foi oferecida a eles, por isso eles foram reprovados. Deus deixou os outros em sua incredulidade, os quais nunca ouviram a pregação do Evangelho.

Portanto São Paulo dirigiu-se de forma clara e precisa para aqueles a quem Deus tinha escolhido e reservado para Si mesmo. A bondade de Deus nunca será vista em sua verdadeira luz, nem honrada como merece, a menos que saibamos que Ele não quer nos fazer permanecer na destruição geral da humanidade; na qual Ele deixou aqueles que são semelhantes a nós, de quem nós não diferimos, pois não somos melhores do que eles, mas assim aprouve a Deus. Portanto, todas as bocas devem ser silenciadas; os

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homens não devem presumir tomar nada para si mesmos, a não ser louvar a Deus, ao confessarem-se devedores a Ele por toda a sua salvação.

Façamos agora algumas observações sobre as outras palavras utilizadas por São Paulo nesta passagem. É verdade que a eleição de Deus jamais poderia ser proveitosa para nós, nem ela poderia vir até nós, a não ser que nós tomássemos conhecimento dela por meio do Evangelho; por esta causa aprouve a Deus revelar o que Ele tinha mantido em segredo antes dos tempos dos séculos. Mas, para declarar seu significado mais claramente, acrescenta, que esta graça nos é revelado agora. E como? “Pela aparição de nosso Salvador Jesus Cristo”. Quando ele diz que esta graça nos é revelada pela aparição de Jesus Cristo, Ele mostra que devemos ser mui ingratos, se não conseguimos nos contentar e descansar na graça do Filho de Deus. O que podemos procurar mais? Se pudéssemos subir além das nuvens, e procurar os segredos de Deus, qual seria o resultado disso? Não seria para verificar que somos Seus filhos e herdeiros?

Ora, conhecemos essas coisas, porque são claramente trazidas à luz em Jesus Cristo. Por que se diz que todos os que nEle creem gozam o privilégio de serem filhos de Deus. Portanto, não devemos desviar destas coisas nem um jota, se quisermos nos certificar de nossa eleição. São Paulo já nos mostrou, que Deus nunca nos amou, nem nos escolheu, senão apenas na pessoa de Seu Filho amado. Quando Jesus Cristo apareceu Ele revelou-nos a vida, caso contrário, nunca poderíamos ter sido participantes da mesma. Ele nos fez conhecer o conselho eterno de Deus. Mas é presunção que os homens ten-tem saber mais do que Deus quer que eles saibam.

Se andarmos com sobriedade e reverentemente em obediência a Deus, dando ouvidos e recebendo o que Ele diz na Sagrada Escritura, o caminho será aplainado diante de nós. São Paulo diz que quando o Filho de Deus apareceu no mundo, Ele abriu os nossos olhos, para que pudéssemos saber que Ele foi gracioso para conosco, antes da fundação do mundo. Fomos recebidos como Seus filhos, e contados como justos; de modo que não precisamos duvidar de que o reino dos céus está preparado para nós. Não que nós o tenhamos ganhado pelos nossos próprios méritos, mas porque ele pertence a Jesus Cristo, que nos torna participantes com Ele mesmo.

Quando São Paulo fala da revelação de Jesus Cristo, diz: “trouxe à luz a vida e a in-corrupção pelo Evangelho” (2 Timóteo 1:10). Aqui não só é dito que Jesus Cristo é o nosso Salvador, mas que Ele é enviado para ser um mediador, para nos reconciliar com o sacrifício da Sua morte; Ele é enviado para nós, como um Cordeiro sem mácula; para nos purificar e fazer satisfação por todas as nossas transgressões; Ele é o nosso penhor, para nos livrar da condenação da morte; Ele é a nossa Justiça; Ele é o nosso Advogado, que

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intercede junto a Deus para que Ele ouça nossas orações. Devemos reconhecer que, todas essas qualidades pertencem a Jesus Cristo, se quisermos compreender correta-mente por que Ele apareceu. Temos de olhar para a substância contida no Evangelho. Devemos saber que Jesus Cristo apareceu como nosso Salvador, e que Ele sofreu para a nossa salvação; e que fomos reconciliados com Deus Pai através de Seus meios; que fomos purificados de todos os nossos defeitos, e libertos da morte eterna. Se nós não soubermos que Ele é o nosso advogado, que Ele nos ouve quando oramos a Deus, a fim de que nossas orações possam ser respondidas, o que será de nós, que confiança podemos ter de recorrer ao nome Deus, que é a fonte da nossa salvação? Mas São Paulo, diz: Jesus Cristo tem cumprido todas as coisas que eram necessárias para a Re-denção da humanidade.

Se o Evangelho for rejeitado, de que vantagem seria para nós que o Filho de Deus sofreu a morte e ressuscitou ao terceiro dia para nossa justificação? Tudo isso seria inútil para nós. Portanto, o Evangelho nos põe na posse dos benefícios que Jesus Cristo comprou para nós. E, por isso, ainda que esteja ausente de nós no corpo, e não esteja famili-arizado conosco aqui na terra, isto não significa que Ele se retirou, como se não fosse possível encontrá-lO, pois o sol que brilha não mais ilumina o mundo do que Jesus Cristo revela-se abertamente para aqueles que têm os olhos da fé para olhar para Ele, quando o Evangelho é pregado. Por isso São Paulo fala daqueles a quem Jesus Cristo trouxe à luz da vida, sim, à vida eterna.

Ele diz, o Filho de Deus aboliu a morte. E como Ele a aboliu? Se Ele não tivesse oferecido um sacrifício eterno, para apaziguar a ira de Deus, se Ele não tivesse entrado no abismo para nos tirar de lá; se Ele não tivesse tomado a nossa maldição sobre Si mesmo, se Ele não tivesse tirado o fardo com o qual fomos esmagados debaixo, o que teria sido de nós? Será que a morte teria sido destruída? Não, o pecado reinaria em nós, e a morte também. E, de fato, que cada um examine a si mesmo, e veremos que somos escravos de Sata-nás, que é o príncipe da morte. Assim nós permaneceremos encerrados nesta escravidão miserável, a menos que Deus destrua o Diabo, o pecado e a morte. E isso é feito, mas como? Ele aboliu os nossos pecados pelo sangue de nosso Senhor Jesus Cristo.

Portanto, embora sejamos pobres pecadores, e em perigo do julgamento de Deus, entretanto o pecado não pode nos ferir; a picada, que é venenosa, está tão embotada que não pode ferir-nos, pois Jesus Cristo trinfou vitoriosamente sobre ele. Ele não sofreu o derramamento do Seu sangue em vão; mas foi uma lavagem com que fomos lavados através do Espírito Santo, como é mostrado por São Pedro. E assim vemos claramente que quando São Paulo fala do Evangelho, no qual Jesus Cristo apareceu, e aparece

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diariamente para nós, ele não se esquece de Sua morte e paixão, nem das coisas que dizem respeito à salvação da humanidade.

Podemos estar seguros de que na pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo, temos tudo o que podemos desejar; temos confiança total e perfeita na bondade de Deus, e amor que Ele nos dá. Mas vemos que os nossos pecados nos separam de Deus, e causam uma guerra em nossos membros; embora tenhamos uma expiação por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. E por que isso? Porquanto derramou Seu sangue para lavar os nossos pecados; Ele tem oferecido um sacrifício pelo qual Deus tem se reconciliado conosco; para ser breve: Ele tomou a maldição, para que sejamos abençoados por Deus. Além disso, Ele tem vencido a morte, e triunfado sobre ela; para que Ele possa nos livrar da tirania dela; que de outra forma totalmente nos subjugaria.

Assim, vemos que todas as coisas que pertencem à nossa salvação são realizadas em nosso Senhor Jesus Cristo. E para que possamos entrar em plena posse de todos esses benefícios nós devemos reconhecer que Ele se revela a nós diariamente por Seu Evangelho. Embora Ele habite em Sua glória celestial, se abrirmos os olhos da nossa fé iremos contemplá-lO. Devemos aprender a não separar o que o Espírito Santo tem unido. Observemos o que São Paulo quis dizer com a comparação para magnificar a graça que Deus mostrou para o mundo depois da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo; como se dissesse, os antigos pais não tinham essa vantagem, de ter Jesus Cristo revelado a eles, como Ele apareceu para nós.

É verdade, eles tinham a mesmíssima fé; e a herança do céu é deles, assim como nossa; Deus revelou Sua graça para eles, assim como para nós, mas não em semelhante medida, pois eles viram Jesus Cristo ao longe, sob as figuras da lei, como São Paulo diz aos Coríntios. O véu do templo estava ainda estendido, pelo que os Judeus não podiam aproximar-se do santuário, isto é, o santuário material. Mas agora, o véu do templo sendo removido, nós nos aproximamos à majestade do nosso Deus, chegamos mais familiarmente a Ele, em quem habita toda a perfeição e glória. Em suma, temos o corpo, ao passo que eles tinham, somente a sombra (Colossenses 2:17).

Os antigos pais submeteram-se inteiramente a suportar a aflição de Jesus Cristo; como é dito no capítulo 11 de Hebreus; por isso não é dito que Moisés suportou a vergonha de Abraão, mas de Jesus Cristo. Assim, os antigos pais, embora tenham vivido sob a Lei, ofereceram-se a Deus em sacrifício, por suportar mais pacientemente as aflições de Cristo. E agora, Jesus Cristo tendo ressuscitado dos mortos, é quem trouxe à luz a vida. Se somos tão delicados que não podemos suportar as aflições do Evangelho, não somos dignos de sermos riscados do livro de Deus, e rejeitados? Portanto, devemos ser

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constantes na fé, e prontos para sofrer pelo nome de Jesus Cristo, tudo o que a Deus aprouver; porque a vida é colocada diante de nós, e nós temos um conhecimento mais familiar do que do que os antigos pais tiveram.

Nós sabemos como os antigos pais eram atormentados por tiranos e inimigos da verdade, e como eles sofriam constantemente. A condição da Igreja não é mais grave nestes dias, do que era então. Pois agora tem Jesus Cristo trazido a vida e a imortalidade à luz, através do Evangelho. Todas as vezes que a graça de Deus é pregada para nós, é tanto como se o reino dos céus se abrisse para nós; como se Deus estendesse a mão, e nos assegurasse de que a vida está próxima; e que Ele nos fará participantes de Sua herança celestial. Mas quando olhamos para esta vida, que foi comprada por nosso Senhor Jesus Cristo, não devemos hesitar em abandonar tudo o que temos neste mundo, para alcançarmos o tesouro de cima, que está nos céus.

Portanto, não sejamos cegos voluntariamente; vendo Jesus Cristo expressando diária-mente diante de nós a vida e a imortalidade mencionadas aqui. Quando São Paulo fala da vida, e acrescenta a imortalidade, é como se ele dissesse, nós já entramos no reino do céu, pela fé. Apesar de sermos tão estranhos aqui abaixo, à vida e à graça de que somos feitos participantes, por nosso Senhor Jesus Cristo devem dar o seu fruto no tempo conveniente; a saber, quando Ele for enviado de Deus Pai para nos mostrar o efeito das coisas que são diariamente pregadas, que foram cumpridas em Sua Pessoa quando Ele estava revestido de humanidade.

Glorioso Deus! Oramos para que, pelo Teu Espírito Santo aplique o que de Ti há neste sermão aos nossos corações e nos corações daqueles que lerem estas linhas, por Cristo para a glória de Cristo.

Ore para que o Espírito Santo use estas palavras para trazer muitos ao Conhecimento Salvador de

Jesus Cristo, pela Graça de Deus. Amém.

Sola Scriptura! Sola Gratia! Sola Fide! Solus Christus!

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Fonte: ReformedSermonArchives.com

As citações bíblicas desta tradução são da versão ACRF (Almeida Corrigida Revista e Fiel).

Tradução e Capa por William Teixeira │ Revisão por Camila Rebeca Almeida

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Uma Breve Biografia de João Calvino João Calvino (1509 1564)

 

Nascido em 10 de Julho de 1509 em Noyon, França, João Calvino cresceu em uma família católica romana tradicional. Seu pai, Gérard Cauvin, era advogado dos religiosos e secretário do bispo local. Sua mãe, Jeanne Lefranc, faleceu quando ele tinha cinco ou seis anos de idade. Por alguns anos, o menino conviveu e estudou com os filhos das famílias aristocráticas locais. Aos 12 anos, recebeu um benefício eclesiástico, cuja renda serviu-lhe como bolsa de estudos.

Aos 14 anos de idade, Calvino mudou-se para Paris, a fim de estudar no College de Marche e preparar-se para a universidade. Seus estudos consistiam nas matérias: gramática, retórica, lógica, aritmética, geometria, astronomia e música. Ao final de 1523, Calvino transferiu-se para a famosa College Montaigu, uma espécie de escola do monastério. Nessa época, a educação de Calvino foi custeada, em parte, pelo lucro de pequenas paróquias. Assim, embora os novos ensinos teológicos de pessoas como Lutero e Jacques Lefevre d’Etaples estivessem se espalhando por toda Paris, Calvino estava mais ligado à Igreja Romana. No entanto, em 1527, Calvino fez amizade com pessoas que tinham uma visão reformada.

Esses contatos formaram o cenário para a eventual mudança de Calvino para a fé reformada. Também, nessa época, o pai de Calvino o aconselhou a estudar direito ao invés de teologia.

Em 1528, Calvino mudou-se para Orleans para estudar direito civil. Nos anos seguintes, estudou em vários lugares e sob a orientação de vários eruditos, enquanto recebia uma educação humanista.

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Em 1532, Calvino terminou seus estudos na área de direito e também publicou seu primeiro livro, um comentário sobre De Clementia [Sobre a Misericórdia], do filósofo romano Sêneca. No ano seguinte, Calvino fugiu de Paris devido aos contatos que teve com pessoas que, através de oratórias e escritos, se opunham à Igreja Católica Romana.

Diz-se que em 1533 Calvino tenha experimentado uma conversão súbita à fé evangélica, sobre a qual escreveu em seu prefácio dos comentários sobre Salmos. Refugiou-se na casa de um amigo em Angoulême, onde começou a escrever a sua principal obra teológica. Em 1534, voltou a Noyon e renunciou ao benefício eclesiástico. Escreveu o prefácio do Novo Testamento traduzido para o francês por Olivétan (1535).

Em 1536, Calvino desvinculou-se da Igreja Católica Romana e fez planos para sair para sempre da França e ir para Estrasburgo. Entretanto, a guerra entre Francisco I, rei da França, e Carlos V, imperador do Sacro Império Romano, eclodiu, e Calvino decidiu fazer um desvio de uma noite para Genebra. Mas a fama de Calvino em Genebra o precedeu. Guilherme Farel, um reformador local, o convidou para ficar em Genebra, e convenceu a ajudá-lo naquela cidade, que apenas dois meses antes abraçara a Reforma Protestante

Assim, começou uma longa, difícil, mas, finalmente, frutífera relação com a cidade de Genebra. Calvino começou como professor e pregador, mas em 1538 foi convidado a deixar Genebra devido a conflitos teológicos. Ele foi para Estrasburgo, onde ficou até 1541, ali residia o reformador Martin Bucer, e ali passou os três aos mais felizes da sua vida (1538-41). Pastoreou uma pequena igreja de refugiados franceses; lecionou em uma escola que serviria de modelo para a futura Academia de Genebra; participou de conferências que visavam aproximar protestantes e católicos. Escreveu amplamente: uma edição inteiramente revista das Institutas (1539), sua primeira tradução francesa (1541), um comentário da Epístola aos Romanos, a Resposta a Sadoleto (uma apologia da fé reformada) e outras obras.

Sua estada ali como pastor de refugiados franceses foi tão pacífica e feliz que em 1541, quando o Conselho de Genebra o convidou de volta, Calvino ficou profundamente dividido. Ele desejava permanecer em Estrasburgo, mas sentiu grande responsabilidade em retornar para Genebra.

Em 1540, Calvino casou-se com uma de suas paroquianas, a viúva Idelette de Bure. Seu colega Farel oficiou a cerimônia. Diz-se que quando Calvino finalmente se casou com Idelette de Buren, ele encontrou a única coisa necessária pela qual esteve procurando: um coração sincero e obediente, piedoso para com Deus. Para Calvino e Idelette, tal piedade era fundamental para enfrentar as dificuldades e os desafios da vida de casados. Embora pouco se saiba da vida de Calvino e Idelette no lar, ao que tudo indica, ela era serena e piedosa apesar de suas muitas tragédias e dificuldades.

Em 1548, faleceu Idelette e Calvino nunca mais tornou a casar-se. O único filho que tiveram morreu ainda na infância. Não obstante, Calvino não ficou inteiramente só. Tinha muitos amigos, inclusive em outras regiões da Europa, com os quais trocava volumosa correspondência. Graças

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à sua liderança, Genebra tornou-se famosa e atraiu refugiados religiosos de todo o continente. Ao regressarem a seus países de origem, essas pessoas ampliaram ainda mais a influência de Calvino. Em 1559 ocorreram vários eventos significativos. Calvino finalmente tornou-se um cidadão da sua cidade adotiva. Foi inaugurada a Academia de Genebra, embrião da futura universidade, destina-da primordialmente à preparação de pastores reformados. No mesmo ano, Calvino publicou a última edição das Institutas. Ao longo desses anos, embora estivesse constantemente enfermo, desenvolveu intensa atividade como pastor, pregador, administrador, professor e escritor.

Calvino permaneceu em Genebra até a sua morte, em 27 de maio de 1564. Esses anos foram preenchidos com aulas, pregações e escritos de comentários, tratados e várias edições de As Institutas da Religião Cristã.

A seu pedido, foi sepultado discretamente em um local desconhecido, pois não queria que nada, inclusive possíveis homenagens póstumas à sua pessoa, obscurecesse a glória de Deus. Um dos emblemas que aparecem nas obras do reformador mostra uma mão segurando um coração e as palavras latinas “Cor meum tibi offero Domine, prompte et sincere” (O meu coração te ofereço, ó Senhor, de modo pronto e sincero). Calvino era acima de tudo um pregador e expositor das Sagradas Escrituras. Sua pregação era seu forte e permanece como de influência sem paralelo até o presente. Sua teologia estava arraigada na exegese porque a Palavra de Deus era para ele o padrão de toda verdade e direito. Seus comentários ainda são os melhores dentre todos os disponíveis.

 

Pr. Rogério Costa

 

 

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